Boletim Eletrônico n°. 775 – Salvador 22 de novembro de 2012
Justiça finalmente leva assassinos de auditor a julgamento
No dia 29 de novembro de 2012, após 16 anos, finalmente a Justiça pernambucana levará a julgamento os assassinos do auditor fiscal baiano José Raimundo Aras, servidor da Secretaria da Fazenda da Bahia. O crime aconteceu em outubro de 1996. Ele estava no jardim de sua casa, em Petrolina, quando foi alvejado por seis tiros, morrendo logo em seguida.
Na época, José Raimundo Aras trabalhava para elucidar fraudes na comercialização de açúcar. Havia uma quadrilha que atuava na divisa da Bahia com Pernambuco sonegando ICMS na venda do produto e ficou localmente conhecida como “Máfia do Açúcar”. O caso ficou perdido nas gavetas do Judiciário pernambucano, na burocracia que normalmente cerca casos que envolvem pessoas poderosas, mas finalmente foi retirado da poeira por conta de uma intervenção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que atendeu pedido feito pela família.
Estão sendo levados a julgamento o pistoleiro Carlos Robério Vieira Pereira e os empresários Alcides Alves de Souza, Carlos Alberto Silva Campos e Francisco de Assis Lima, que o Ministério Público acusa como sendo os autores intelectuais do crime. Foi contra eles que José Raimundo Aras promoveu diversas autuações por sonegação fiscal, trabalho que possibilitou a descoberta de fraudes praticadas pela quadrilha nas cidades de Juazeiro e Petrolina. Carlos Robério, o matador, já havia sido condenado a seis anos de prisão em 2002, por ter assassinado um outro homem em 1988.
José Raimundo Aras era um servidor exemplar, que não se intimidou ante as ameaças e exerceu seu trabalho com determinação e afinco, até que a sua vida fosse ceifada. Sociólogo e professor, foi um dos fundadores da Associação dos Sociólogos do Estado da Bahia (ASEB). O julgamento e a esperada punição do executor e dos mandantes de sua morte, além de representar o anseio de justiça e de fim da impunidade, servirão para reafirmar a confiança de que o servidor público não estará à mercê do crime organizado quando no exercício de suas atividades laborais.
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