05/05/15 – A Tarde Online
‘Fio de bigode’ só não é garantia, diz Rui Costa
Joyce de Souza e Patrícia França
“A gente chama o empresário, anuncia os incentivos fiscais, libera a área para ele construir, ele solicita o empréstimo, você disponibiliza. Agora, na hora de assinar, ele tem de dar garantias que devem ir além do fio do bigode”.
Foi esta a resposta de Rui Costa ao ex-secretário de Desenvolvimento Econômico James Correia, que, em entrevista exclusiva, publicada em A TARDE, atribuiu a política “conservadora” de atração de investimentos por parte da Secretaria Estadual da Fazenda a não-liberação do investimento à JAC Motors e também à Foton (montadora chinesa de caminhões).
O governador disse que o Estado não pode ser irresponsável na liberação de empréstimos, porque se trata de dinheiro público. “O grupo tem patrimônio para colocar como garantia do empréstimo, mas está fazendo investimento através de uma nova empresa que ele (o grupo) não aportou até agora nenhum bem ou patrimônio como garantia. E isso é um jogo de mão dupla”, comparou Rui.
Mesmo assim, o gestor diz estar confiante de que a JAC, que pretende investir R$ 900 milhões e gerar 3,5 mil empregos, irá se instalar na Bahia. Da mesma forma, a Foton.
Ao minimizar críticas do ex-auxiliar, que ficou no cargo nos últimos seis anos de governo petista, Rui defende a Sefaz. “É ela a responsável por garantir os recursos para pagar os salários dos servidores, dos juízes, do Ministério Público, enfim, de manter o estado funcionando”, afirmou o governador.
Em nota enviada à reportagem, o secretário da Fazenda, Manoel Vitório, que preside o conselho da Desenbahia, assegurou que a questão da JAC e da Foton está sendo “tratada com a maior prioridade”. Sem, entretanto, abrir mão das garantias e dos requisitos normativos para a autorização da operação.
Vitório também contestou a afirmação de James Correia, de que ele teria dificultado a ida de uma grande empresa para Feira de Santana, pelo fato de já possuir uma unidade no município de Juazeiro.
“A Fazenda tem se preocupado em não estabelecer uma política de perpetuação dos benefícios. Neste contexto, rotineiramente, toma os cuidados necessários para evitar que empresas já constituídas na Bahia desloquem a produção para outras plantas, com o objetivo de unicamente estender o prazo de seus benefícios, sem nenhum impacto positivo sobre a economia do Estado”, afirmou o secretário.
Indicações políticas
Na entrevista ao A TARDE, James Correia também condenou a indicação de partidos políticos para cargos de caráter técnico em órgãos e empresas do governo – caso do Ibametro, ocupado pelo PDT, e da Sudic, pelo PP do vice-governador João Leão.
O governador minimizou as críticas. “As pessoas que estão nas áreas mais técnicas sempre têm resistência às decisões políticas e o secretário não é único e não será único no futuro. A opinião dele não é recente”.
As críticas de Correia encontraram ressonância na oposição. O presidente do DEM na Bahia, Heraldo Rocha, disse que as declarações do ex-auxiliar do governador mostram que “o fisiologismo continua sendo a alma da gestão petista”.