Boletim 1846 – Salvador, 07 de março de 2019
De todo o mundo nos chegam informações de grandes mobilizações das mulheres contra o avanço do pensamento conservador e de extrema-direita, que ocupa governos em diferentes partes do planeta. Sim, governantes misóginos, machistas e autoritários como o de Jair Bolsonaro não é uma realidade apenas brasileira.
A extrema-direita governa importantes países, como os EUA, o Brasil, a Polônia, a Itália, a Argentina, a Hungria India, Filipinas, Israel, Japão, Colômbia e Turquia, além de avançar na França, Alemanha, Espanha, Suíça, Dinamarca, Austria, Finlândia, Holanda, entre outros. É um cenário catastrófico se imaginarmos que, no poder, grupos políticos conservadores, normalmente, elegem como alvo as liberdades democráticas, as conquistas dos trabalhadores e trabalhadoras, os direitos das minorias e das mulheres, as políticas sociais e de defesa do meio ambiente.
A notícia boa em meio a este cenário sombrio é que partem das mulheres uma reação organizada. Em vários países, elas estão mobilizadas contra as políticas conservadoras, tal qual aconteceu na segunda metade do século XIX e início do século XX, quando trabalhadoras e donas de casa foram às ruas por direitos e contra a exploração. Veja vídeo.
Tivemos um grande exemplo no Brasil em 2018, quando o movimento #EleNão se contrapôs ao atraso que poderia nos atingir com a eleição de Jair Bolsonaro.
Passados menos de 70 dias desse governo já é possível até para muitos bolsonaristas perceber que aquelas mulheres que tomaram as redes sociais e depois as ruas no movimento #EleNão tinham razão. Motivos não faltam: a proposta de reforma da Previdência, a MP 873 que intenciona dificultar a contribuição dos trabalhadores aos sindicatos, a redução no valor do salário mínimo, a extinção do Ministério do Trabalho, a indicação para ministérios importantes de ministros que são contrários ao seu propósito (Direitos Humanos, Meio Ambiente, Agricultura, Justiça), perdão de dívidas de bancos e ruralistas etc. O que se observa são retrocessos em áreas sensíveis e ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
Diante deste quadro e da ascensão das mobilizações de mulheres, ativistas e organizações de todo o mundo, no contexto do 8 de março para lançar uma articulação internacional feminista. A intenção é participar dos protestos do 8 de março e a seguir convocar reuniões internacionais e assembleias dos movimentos para “tornar-se o freio de emergência capaz de deter o trem do capitalismo global, que descamba a toda velocidade em direção à barbárie, levando a bordo a humanidade e o planeta em que vivemos”.
Este Manifesto, que é cada dia mais apoiado já conta com ativistas de organizações de nove países (Brasil, México, Itália, EUA, Espanha, India, Argentina, Chile e França), com destaque para nomes como Angela Davis (EUA), Jupiara Castro (BRA), Marta Dillon (ARG), Julia Cámara (ESP), Luna Follegati (CHI), Enrica Rigo (ITA), Veronica Cruz Sanchez (MEX).
Ou seja, temos reação das mulheres contra o atraso.