Boletim 1890 – Salvador, 15 de maio de 2019
Mais de 50 mil pessoas participaram nesta quarta (15) de uma caminhada no centro de Salvador, em protesto contra os cortes de verbas nas universidades públicas e a ameaça de fim da aposentadoria com a reforma da Previdência. Movimentos ocorreram nas principais cidades do Brasil transformando a greve geral da Educação numa grande vitória de professores e estudantes.
A reação do presidente Bolsonaro com as manifestações, ao chamar os estudantes de “idiotas úteis”, dá a exata dimensão da força dos atos. Como ele tem informações privilegiadas do Gabinete de Segurança Institucional (o SNI dos tempos modernos), sabe bem que os protestos pelo Brasil foram grandes e a paralisação forte. Dezenas de escolas particulares aderiram ao movimento, que inicialmente era do ensino público.
Em Salvador, uma fonte do Sindicato informou que o comando da PM na área do centro da cidade estava em polvorosa, pois não havia se preparado para a quantidade de pessoas na caminhada. A Transalvador, empresa municipal que cuida do trânsito, também “acusou o golpe”, ao perceber que deslocou poucos agentes para acompanhar a manifestação.
Desmonte
A greve geral que parou a educação no Brasil acontece após o Ministério da Educação anunciar, em 30 de abril, um corte linear de 30% no orçamento das universidades. Em alguns casos o corte é maior, como na UFBA, cuja tesoura ideológica do MEC retirou 43% dos recursos. O objetivo do MEC foi chantagear os reitores, para que eles transformem as instituições federais de ensino em paróquias do pensamento atrasado, antiquado e conservador do governo Bolsonaro.
No fundo, ao promover o desmonte da Educação pública, o governo Bolsonaro quer atingir três objetivos: 1) Quer impedir o direito de livre pensar da sociedade, que tem na universidade pública um tradicional reduto de debate e discussão democrática; 2) Quer impedir a produção de ciência e o desenvolvimento de tecnologia, tornando o Brasil refém das potências estrangeiras em áreas estratégicas; e 3) Garantir mais ganhos ao ensino privado, onde o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem muitos negócios (sua irmã, inclusive, é presidente de uma associação de faculdades).
O Sindsefaz parabeniza professores e estudantes pelo sucesso do movimento. A paralisação da educação fortalece a convocação da Greve Geral de todos os trabalhadores, que acontecerá dia 14 de junho. O povo brasileiro dá sinais de que acordou. É hora de aumentar a pressão.