Boletim 1934 – Salvador, 13 de julho de 2019
O governo apresentou ao Congresso a Medida Provisória 881, que na prática será uma nova reforma trabalhista. Porém, nada é tão ruim que não possa piorar. O parecer apresentado pelo relator da MP 881, deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS), consegue transformar o ruim em péssimo, em um ataque ainda mais agressivo a diversos direitos. A denúncia é do presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Augusto Vasconcelos.
Em seu relatório, aprovado nesta quinta (11), Goergen propõe acréscimos como a criação de regime especial de contratação “anticrise” que vigoraria enquanto o desemprego não ficar abaixo de 5 milhões de pessoas por 12 meses consecutivos. Nesse regime, ficam suspensas regras que vedam o trabalho aos finais de semana e feriados, e também artigos da CLT que estabelecem jornadas especiais de trabalho, além da proibição de contrato de trabalho por prazo determinado de mais de 2 anos. O PLV 17/19, agora, vai a votação no plenário da Câmara, depois no do Senado.
O relatório aprovado na comissão mista, com complementação de voto, promoveu outras mudanças no texto da MP, como a possibilidade de trabalhos em domingos e feriados. O texto prevê ainda a dispensa de CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) em situações específicas, alteração de dispositivos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) e dispensa de envio da Guia de Previdência Social aos sindicatos.
Para Augusto Vasconcelos, trata-se de mais um ataque aos trabalhadores. “Esse governo mirou suas baterias contra as conquistas sociais, visando facilitar a exploração da mão de obra com o falso discurso de desburocratização. Óbvio que também defendemos simplificações, mas não podemos colocar em risco a saúde e os direitos de quem trabalha”, afirma ele.
O sindicalista diz ainda que os trabalhadores não são os culpados pela crise no país. “Somos vítimas da falta de empregos e oportunidades para o nosso povo. Até agora o governo não apresentou uma proposta concreta para retomada do crescimento econômico, enquanto milhares de pessoas sofrem sem alternativa”, denuncia Vasconcelos.