Ditadura pós-64 nos ensina a não anistiar participantes dos atos golpistas do 8 de janeiro

No dia 8 de janeiro de 2023 o Brasil foi surpreendido por um ataque à sua democracia. Milhares de criminosos, que se escondiam na falsa imagem de patriotas, empunhando de forma vil a bandeira e a camisa do Brasil, invadiram e vandalizaram os prédios do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).

Foram atos golpistas, hoje sabemos após as investigações da Polícia Federal, orquestrados por extremistas de direita e membros do alto escalo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, entre os quais oficiais de alta patente do Exército e Marinha. O intuito do movimento do 8/01 era criar um clima de insegurança institucional para justificar um golpe militar, rasgando a Constituição para anular, na força, o resultado das eleições de 2022. Mais recentemente, soubemos, foram encontrados planos para matar o presidente Lula, seu vice (Geraldo Alkimin) e o ministro do STF, Alexandre de Moraes.

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A tentativa de golpe de 8 de janeiro não foi um incidente isolado, mas uma ação planejada que refletiu anos de discurso de ódio, negação da democracia, insinuações sobre as urnas eletrônicas e apologia ao autoritarismo, muitas vezes incentivados por figuras políticas, incluindo o próprio Bolsonaro.

Os pedidos de golpe de estado antes de março de 1964, com incentivo ao desrespeito às eleições, seguindo-se depois por uma ditadura sangrenta que durou 21 anos, mostra que não podemos tergiversar com ataques à democracia. A justiça precisa ser feita, com todos os responsáveis responsabilizados e punidos. A Procuradoria-Geral da República denunciou o ex-presidente e outros envolvidos pela tentativa de golpe e pela formação de uma organização criminosa com o objetivo de desestabilizar o governo legítimo. Os julgamentos estão em andamento no STF, assim como continuam sendo julgados os que depredaram os prédios dos três poderes em 8 de janeiro.

Os atos golpistas do final de 2022 e início de 2023 foram cometidos por pessoas inspiradas na impunidade histórica do Brasil com os crimes contra a democracia. Os golpistas de 1964 e os que atuaram em torturas e crimes durante os 21 anos de governo militar nunca foram punidas. Isso é oxigênio para a perpetuação de discursos golpistas. Os extremistas de direita, que se esconderam em armários por décadas após a redemocratização, aproveitaram a leniência do país com o golpismo e a ambiência antidemocrática do governo Bolsonaro para voltarem à carga.

Por isso, o processo atual é mais do que uma simples questão de responsabilizar culpados: é uma reafirmação do compromisso do Brasil com a democracia e a lei. Se a justiça não for feita agora, o país pode se ver em risco de retroceder para um passado de autoritarismo.

Salvador, 1º de abril de 2025 | Boletim 3137

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