O Sindsefaz encomendou um estudo sobre a situação econômica da Bahia. A cargo do professor e economista Juliano Goularti, o levantamento já está nos fornecendo números interessantes, que serão devidamente analisados e serem a base para propostas da entidade ao Estado e à categoria.
Os primeiros dados que nos chegaram tratam da renda dos baianos. E nos mostram uma realidade ainda bastante cruel, com um grande contingente de nossa população vivendo ainda em extrema pobreza. As famílias que compõem esse grupo sobrevivem com apenas R$ 139,00 por pessoa ao mês, R$ 4,60 por dia, bem abaixo dos R$ 12,40 (U$ 2,15) que, segundo o Banco Mundial, define uma pessoa em extrema pobreza ou não.
A situação poderia ser ainda pior. Isso porque, entre 2012 e 2023, a renda dos 10% mais pobres cresceu 43% na Bahia, contra 35% de crescimento do país. Foi importante esse pequeno avanço no estado, mas a manutenção da renda deste grande contingente ainda em níveis tão baixos mostra como é urgente a adoção de mais políticas inclusivas e não sua abolição, como pregam as elites.
Para se ter uma ideia do grau de injustiça na distribuição da renda na Bahia, o valor mensal per capita dos 1% mais ricos do estado é de R$ 11.800,00, ou seja, 85 vezes maior que a dos 10% mais pobres (R$ 139,00). E observe-se, como mostra a tabela abaixo, mesmo em um cenário de queda nos ganhos dos mais ricos, de 11% na última década no estado, em contraste com avanço de 9% na média nacional (fator que analisaremos mais detidamente em futuros textos).
Certo é que os números do estudo mostram que o nível de pobreza na Bahia segue sendo impressionante, uma vez que a renda média mensal do segundo decil (10,1% a 20% mais pobres) não passa de R$ 300,00 por pessoa e a do terceiro (é de pouco mais de R$ 400,00 (20,1% e 30%). A “classe média estatística” baiana, isto é, as pessoas localizadas do quarto decil até a renda mediana, têm renda per capita de apenas R$ 671,00 (R$ 22,00 por dia), cerca de 1/3 a menos da média nacional, que já é considerada baixa em níveis internacionais.
Quem é Juliano Goularti
Doutor pelo Instituto de Economia da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas-SP). Membro da Associação de Pesquisadores em Economia Catarinense (APEC) e da Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE). Autor dos livros “Desenvolvimento Desigual: incentivos fiscais e acumulação em Santa Catarina (2014)” e “Política fiscal e Desoneração Tributária no Brasil (2020)”. Foi o responsável por dois estudos encomendados pela Fenafisco: “Os Barões da Dívida Ativa” e “A Renúncia Fiscal nos Estados Brasileiros e no DF”.

Salvador, 10 de março de 2025 | Boletim 3118