Boletim Eletrônico nº. 448 – Salvador, 21 de agosto de 2009
Caso Lina Vieira
As teorias e contradições de uma servidora técnica, mas muito política
Quem acompanha o noticiário político com assiduidade já está razoavelmente a par do caso envolvendo a ex-Secretária da Receita Federal, Lina Vieira, e a Ministra Dilma Rousseff.
No episódio, a senhora Lina Vieira, demitida da função pelo Ministro da Fazenda Guido Mantega, sugere que a Ministra Dilma teria tentado ajudar a família Sarney (quando numa suposta reunião existente no gabinete da Ministra, na Casa Civil) pedindo para que a ex-Secretária agilizasse, na Receita Federal, a investigação sobre empresa do filho do presidente do Senado, José Sarney.
Alegando que não se sentiu pressionada, mas que recebeu sugestão de dar celeridade às investigações contra Fernando Sarney, a servidora da Receita afirmou que “Não pode haver ingerência política na administração tributária”.
A tese da servidora da Receita Federal não pode ser sequer contestada, afinal a administração tributária deve primar pela sua função institucional, de estado e visando o interesse público e não os interesses de grupos políticos. Contudo, se esta tese é indiscutível, as motivações da servidora parecem ser, no mínimo, interessantes.
A postura aparentemente serena e segura da Secretária demitida, aliada a um discurso de que ela seria apenas um quadro eminentemente técnico da Receita Federal até conseguiu passar credibilidade aos leitores e telespectadores de todo o país, mas o perfil apresentado talvez não esteja mostrando toda a realidade da trajetória “técnica” da senhora Lina.
A ex-Secretária da Receita foi por duas vezes Secretária da Fazenda do Estado do Rio Grande do Norte nos governos Garibaldi Alves (PMDB) e Wilma Faria (PSB). Seria uma temeridade afirmar que a “técnica” não tenha qualquer posição política.
Porém, uma interessante notícia chama a atenção para o perfil político da família da servidora demitida. Dificilmente algum brasileiro leu ou ouviu em telejornais, periódicos e blogs que o marido da senhora Lina –a acompanhou durante toda a sabatina no Senado – já foi Ministro do governo de FHC. Isso mesmo, Ministro do governo do PSDB.
O marido da senhora Lina, Alexandre Firmino de Melo Filho, foi Ministro da Integração Nacional interino, durante quase um ano (de 20/08/1999 a 17/07/2000), e antes de assumir a pasta titular foi Secretário Executivo do Ministério. Hoje, o ex-Ministro é publicitário e através da sua agência “Dois A Publicidade” já atendeu o governo do Rio Grande do Norte (no governo do PSB) e a Prefeitura de Natal (governo do PV, que é apoiado pelo PSDB e DEM do atual Senador José Agripino Maia – crítico ferrenho do governo Lula).
O curioso de tudo isso é que nenhum jornalista apurou esta coincidência, nem mesmo o famoso colunista da Globo, Ricardo Noblat, que por outra coincidência da vida trabalhou na campanha de José Agripino Maia. Certamente, deve ter se esquecido desse fato.
O discurso da ex-Secretária da Receita do Brasil nos faz lembrar alguns discursos atrasados, em setores encruados do funcionalismo público na Bahia, a chamada tese do servidor eminentemente técnico, mas quando perde o cargo comissionado vira bicho e mostra o seu lado “político”.
Quando a prática torna-se inimiga declarada da teoria propalada, não se consegue enganar mais ninguém.
O Conversa Afiada reproduz o post do Nassif:
21/08/2009 – 09:23
Lina e a família Sarney
Em observação
Por zanuja
Ora, ora, ora, parece q d. Lina tem muito mais coisas para explicar ao distinto público. Por exemplo, como o marido dela responde a um processo no STF juntinho de Roseana Sarney por improbidade adminitrativa? O dito processo está c a Ministra Carmem. Os laços de amizade da família de d.Lina com a família do senador Sarney é antiga. Se alguém estava querendo atrasar o andamento da investigação do Fernando Sarney, com certeza NÃO era a Ministra Dilma. Não senhor. Tem mais. A PF ameaçou prender a cúpula da Receita Federal, D. Lina no meio, po que estavam atrasando as investigações e por conta disso a Justiça mandou correspondência p a Receita solicitando “agilidade nas investigações”
Veja também o vídeo do depoimento e o momento em que o marido de Lina dá instruções a ela:
O Conversa Afiada reproduz comentário do vigilante Stanley Burburinho
Stanley Burburinho
Enviado em 21/08/2009 às 10:23
Pois é. O STF enviou o processo para a Vara Federal do Maranhão em 09/09/2008. Mês que vem fará um ano que o processo está parado no Maranhão.
“Guia: 11344/2008
Data de Remessa: 09/09/2008
Data de Recebimento: 09/09/2008”
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDeslocamento.asp?numero=
3138&classe=Pet&codigoClasse=0&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
Relembrando o caso de 2004:
“(…)
Esse foi um dos maiores escândalos do governo de Roseana, embora longe de ser o único. E o sistema Mirante nunca falou disso. Ficou caladinho. O número do Protocolo é 2004/39053 e a data de entrada no STF é de 13/04/ 2004. O número do processo é 200137000080856 e a origem é o Maranhão. São 11 volumes com 3097 folhas e 19 apensos. O requerente é o Ministério Público Federal. São muitos os requeridos e, entre eles, Roseana Sarney Murad e Jorge Francisco Murad Junior.
Lembram-se da Usimar? Era para ser uma grande indústria de fundição . O valor aprovado foi de mais de R$ 600 milhões. E a Roseana para garantir a aprovação do projeto contra o parecer dos técnicos da Sudam exigiu que a reunião da Sudam fosse realizada aqui onde o projeto acabou aprovado, sob pressão da governadora. A Sudam chegou a liberar R$ 40 milhões que sumiram sem explicação. Só ficou um calçadão no local. Está indo bem devagar mas deve andar.
(…)
http://josereinaldotavares.blogspot.com/2008/05/contraponto_22.html
O trecho de texto acima diz que o valor aprovado foi mais de R$ 600 milhões. Mas, na placa colocada no canteiro da obra diz que o valor é de R$ 1.380.054.840,00. Vejam no link abaixo a foto do local, completamente abandonado, com o valor da obra na placa:
http://4.bp.blogspot.com/_usweI0Zsmo4/SDbx30LYYvI/AAAAAAAACFw/uWzVNTSlkbA/s
1600-h/PlacaUsimar+2.jpg
(Para acessar o link em destaque (azul), copie o mesmo e cole em seu navgador.)
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