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Curso aponta novos caminhos para a comunicação popular

Boletim 1684 – Salvador, 02 de abril de 2018 

 

Aconteceu em São Paulo, de 26 a 29 de março, o curso “A Comunicação para Enfrentar o Retrocesso”, promovido pelo Barão de Itararé – Centro de Estudos da Mídia Alternativa. O evento de quatro dias, ocorrido nas dependências da Escola do Dieese, fez uma profunda reflexão sobre a mídia no Brasil e os caminhos que o movimento popular, tendo os sindicatos incluídos, poderá tomar para enfrentar a maré de ataques aos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro.

O Sindsefaz participou do curso com os diretores Cláudio Meirelles (Organização) e Marlúcia Paixão (Imprensa), além do assessor de Comunicação, jornalista Moacy Neves e a designer e editora da TV Sindsefaz, Patricia Sena.

Primeiro dia

No primeiro dia, a mesa “A Ofensiva Contra os Trabalhadores e o Sindicalismo” analisou o impacto da reforma trabalhista e da lei da terceirização irrestrita sobre os trabalhadores e os sindicatos. Os ataques são muito duros e podem representar a desregulamentação do trabalho e o enfraquecimento das entidades, que terão menos força para barrar a ofensiva antisindical e antitrabalhista. A conclusão foi que é necessária e urgente uma reação por parte do movimento social, inclusive combatendo a implantação das novas medidas no mercado de trabalho. Desta mesa participaram como palestrantes Clemente Ganz Lúcio (Dieese), Antonio Augusto Queiroz (Diap) e Marilane Teixeira (Cesit).

Depois, a mesa “O papel da mídia corporativa e a luta pela democratização da comunicação” reuniu Paulo Henrique Amorim (Conversa Afiada), Renata Mielli (Secretária-Geral do Barão de Itararé e coordenadora do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC), Laurindo Leal Filho (jornalista, sociólogo e professor da Universidade de São Paulo) e Tereza Cruvinel (jornalista/Jornal do Brasil, colunista do Brasil 247 e fundadora da Empresa Brasil de Comunicação – EBC). No debate, ficou clara a necessidade dos movimentos sociais avançarem em suas ações de comunicação como uma forma de se contrapor a uma mídia antidemocrática, homogeneizada, que defende interesses patronais e da classe dominante e que não tem compromisso com a boa informação à sociedade.

Segundo dia

O segundo dia foi dedicado a experiências práticas com o uso da TV Web, Rádio Web e estratégias de melhor ação nas redes sociais. O jornalista Luiz Carlos Azenha (site Vi o Mundo), com ampla experiência na televisão (foi repórter da Globo, STB, Manchete e hoje trabalha na Record), repassou noções de como utilizar o vídeo na internet, mostrando equipamentos (celulares, câmeras portáteis, drones etc), de baixo custo e acessíveis a qualquer organização, que podem ser usados para produzir matérias jornalísticas e vídeo de propaganda.

O radialista Carlos Tibúrcio frisou como é baixo o custo para colocar uma Rádio Web no ar e que todas as organizações que têm sites no ar podem experimentar esta mídia. Ele disse que o grande gargalo, normalmente, está na manutenção da programação, mas que hoje podemos utilizar, além da produção própria, a produção de parceiros do movimento social, que disponibilizam material gratuitamente.

Por fim, Laura Capriglione (Jornalistas Livres) e Thallis Cantizani (Grito Propaganda falaram sobre suas experiências com o trabalho em redes sociais e como iniciativas ousadas e criativas podem amplificar a ação das organizações populares nas redes sociais.

Terceiro dia

Os temas do terceiro dia do evento foram Rádio e TV Comunitária, além de linguagem da comunicação.

José Eduardo Souza (Rádio Cantareira) falou sobre como organizar uma rádio comunitária, como montar a programação, formas de manutenção e de envolvimento da comunidade no projeto. Ele mostrou a grade da rádio Cantareira, que é uma experiência importante e pioneira, hoje um espaço de alcance privilegiado, aberto ao movimento social.

O jornalista Beto Almeida (TV Cidade) falou da sua experiência na Telesur, um canal de televisão que teve origem na Venezuela, hoje com alcance em outros países da América Latina. É uma parceria financiada pelos governos da Venezuela, CubaEquadorBolívia e Uruguai, que visa combater a ação monopolista e pró-americana de agências televisivas como a CNN. A TV Cidade, comunitária, da qual faz parte, surgiu em Brasília em 1997 e oferece uma programação “alternativa e revolucionária”, visando contribuir com o direito de liberdade de expressão e promoção da cidadania. Ele falou do dia-a-dia e funcionamento de um instrumento com este perfil.

No final do dia, Altamiro Borges (Autor do Blog do Miro e presidente do Barão de Itararé) falou sobre “Instrumentos e linguagem da comunicação”. Ele falou dos instrumentos que podem ser utilizados pelo movimento social para divulgar suas ações e fazer a luta contra-hegemônica, reforçando a necessidade da interatividade com a base social e da integração de conteúdos com as diferentes mídias (jornal, internet, redes sociais etc). Sobre a linguagem, ele resumiu algumas características: verdade, agilidade, objetividade, foco, repetição, personalização e boa visibilidade.

Último dia

O último dia, pela manhã, os palestrantes Clomar Porto e Chico Malfitani falaram sobre planejamento e marketing sindical. O primeiro citou as experiências de consultoria com sindicatos no rio Grande do Sul e falou sobre a necessidade de se planejar as ações de mídia e marketing, utilizando ferramentas disponíveis, como as pesquisas, que indicam a melhor direção a seguir. Deu exemplos de pesquisas feitas para sindicatos que identificaram que alguns rumos que estavam sendo tomados pela entidade iam em direção oposta ao que pensava a categoria.

Já Chico Malfitani, que já foi responsável por várias campanhas do PT, centrou sua intervenção em chamar atenção para o comportamento espontâneo dos movimentos de esquerda quando se trata de comunicação. Ele disse que as entidades e políticos progressistas costumam agir mais pelo amadorismo que por uma postura mais profissional e que não é uma tradição da esquerda as ações planejadas na área de mídia, tendo sempre a política à frente, quando na verdade as duas áreas – política e comunicação – deveriam andar de mãos dadas. Ele afirmou que é preciso ter foco.

Na parte da tarde foi a vez da intervenção dos dirigentes de comunicação da CTB, CUT e CNTC (outras centrais foram convidadas mas não enviaram representantes). Todos relataram as suas ações atuais na área de comunicação e como incentivam os sindicatos de base a terem um trabalho nessa área.

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