16/08/17 – GGN
Força-tarefa fortalece estratégia de Temer para tentar se salvar
Procurador cobra “consequências” de visita de futura PGR à Temer e dá recado à Raquel Dodge por não interferência em Curitiba
Jornal GGN – Se a divulgação do encontro da futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, com Michel Temer fora da agenda oficial do presidente foi uma estratégia articulada pelo próprio mandatário para endossar a tese de que seu encontro com o empresário Joesley Batista é da natureza de suas funções, a imprensa e a própria equipe de procuradores da Lava Jato vêm fortalecendo a teoria.
Desta vez, um dos líderes da força-tarefa do Paraná, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, afirmou publicamente que a subprocuradora-geral da República que assumirá em setembro o posto de Rodrigo Janot deve ser cobrada pelas consequências da visita a Temer no Palácio do Jaburu, no dia 8 de agosto.
“Nós temos agora que avaliar as consequências dentro da política que o Ministério Público vai ter a partir da gestão dela”, afirmou.
“É claro que ela tem que se explicar, ela deu uma explicação, ela que deve, então, ser cobrada das consequências desse ato. Infelizmente, não há como fugir da responsabilização das pessoas perante a sociedade”, disse Carlos Fernando, completando: “Todo funcionário público é responsável pelos atos que têm”.
Lembrando-se do impeachment de Dilma Rousseff, mencionou: “Tenho para mim que encontros fora da agenda não são ideais para nenhuma situação de um funcionário público. Nós mesmos às vésperas, no dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu, à noite, e nos recusamos. Nós entendíamos que não tínhamos nada que falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento”.
“Recado” da Lava Jato à Dodge
O procurador tentou amenizar as primeiras indicações do grupo de procuradores favoráveis a Janot de que Raquel Dodge, como representante da oposição dentro do Ministério Público Federal (MPF), poderia modificar as atuações e andamentos da Operação Lava Jato.
“Dra. Raquel Dodge tem um histórico muito bom e muito forte na área criminal, inclusive do Ministério Público Federal. Nós acreditamos, e a equipe dela é excelente, é a equipe inclusive que atuou no caso do Mensalão. Não acreditamos que aja uma mudança na essência”, disse.
Por outro lado, fez um tipo de cobrança: a de que, assim como supostamente Janot o fez, ela não interfira nos grupos já criados de força-tarefa em cada estado. E, com o ego que caracteriza a equipe do Paraná, defendeu que há apenas duas forças de investigação: uma “espalhada pelo Brasil” e outra “nossa, sob responsabilidade da Lava Jato, em Curitiba”.
Carlos Fernando disse que os “muitos conflitos com o dr. Rodrigo Janot” que já ocorreram com a força-tarefa de Curitiba foram “a maior parte resolvido internamente sem nenhum tipo de problema”. Alertando à Raquel Dodge, afirmou: “o procurador-geral pouco pode influenciar nas decisões [regionais]”.