Boletim 2361 – Salvador, 08 de março de 2021
Dados de uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial (FEI), que analisou 144 países, mostrou que em dezembro de 2020 o Brasil ocupava o 92º lugar no ranking de desigualdade entre homens e mulheres. Em 2016, estávamos no 79º lugar. Ou seja, em quatro anos de governos Temer/Bolsonaro o país caiu 13 posições.
Este é um dos dados importantes para o movimento sindical analisar com seus associados neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Outros tantos números e problemas mais estão aí aos nossos olhos, amplificados pelo grave momento no qual estamos, com uma pandemia fora de controle, que já vitimou mais de 265 mil brasileiros até o dia de hoje.
Sim, porque o que era um problema até o ano passado, agora é algo bem mais grave e agudo. As mulheres, que já enfrentam as dificuldades da dupla jornada em situações normais – trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens numa semana – estão muito mais sobrecarregadas e pressionadas na atual situação de pandemia.
Uma pressão que vai desde o fato de que são as mulheres a cuidar dos filhos que estão em casa, fora da escola ou da creche durante o isolamento social; são elas a maioria dos profissionais que estão na linha de frente em unidades de saúde cuidado dos doentes e convivendo diariamente com a morte; são elas a ocuparem a maioria dos empregos precários e sem vínculo formal, que desapareceram durante este 1 ano de crise causada pelo covid-19; ou, ainda são elas que sentiem na pele o recrudescimento, com o home office de seus parceiros, do número de agressões e feminicídios.
PÁRIA MUNDIAL
O Brasil atual é um país cruel com as mulheres, com um governo sem qualquer preocupação com a redução das disparidades que nos tornam um caso cada vez mais extremo em todo o mundo. Basta prestar atenção no que sai da boca da ministra que cuida da Pasta específica para percebermos que estamos dominados pelo atraso. Nem entre nossos pares latinos podemos nos vangloriar. Temos uma das maiores desigualdades de gênero na América Latina, ocupando o 22º lugar entre 25 países da região.
Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) realizada pelo IBGE, referente ao 1º trimestre de 2020, mostram que o salário médio real efetivamente recebido pelo trabalho principal dos homens é de R$ 2.827,00 e o das mulheres, de R$ 2.223,00. Uma diferença de R$ 604,00, ou seja, 21,4%. São números que podem piorar à medida que a pandemia sai do controle, avaliam os especialistas.
E enquanto no resto do mundo os governos vêm tomando medidas para conter o vírus e, em sua esteira, as consequências que ele traz, aqui caminhamos em sentido inverso. No Congresso, governo e parte de sua base urde manobras para acabar com as rubricas que obrigam um percentual fixo do orçamento em saúde e educação. E, enquanto os cadáveres vão saindo cada vez em maior número dos hospitais, o presidente da República manda quem suplica por vacinas ir comprá-las na “casa da mãe”.
REPRESENTAÇÃO
O Brasil tem um presidente machista e preconceituoso, que reproduz com radicalidade a pouca representação feminina nas esferas de poder do país. O Mapa “Mulheres na Política 2019”, um relatório da Organização das Nações Unidas e da União Interparlamentar divulgado neste mês, que traz o ranking de representatividade feminina no Parlamento, mostra que nosso país ocupa a posição 134 de 193 nações pesquisadas, com 15% de participação de mulheres.
No atual Parlamento eleito em 2018 e que tomou posse em 2019, são 77 mulheres em um total de 513 cadeiras na Câmara e somente 12 senadoras entre os 81 eleitos. Já no ranking de representatividade feminina no governo, o Brasil ocupa apenas a posição 149 em um total de 188 países. O governo de Jair Bolsonaro tem somente 9% de representatividade feminina, com apenas duas mulheres entre os 22 ministros. A média mundial é de 20,7%.
Mas esta é uma realidade tembém presente aqui pertinho de nós. Basta contar nos dedos de uma das mãos no atual Gabinete da Sefaz-BA, quantas mulheres estão ocupando os principais cargos da estrutura. Algo que vai se reproduzindo para todos os lados para onde olhemos. Ainda na semana que passou estávamos a comemorar que nossa diretora de Comunicação, Marlúcia Paixão, teve a oportunidade de ser a primeira mulher a dirigir um Conselho Deliberativo da Fenafisco, uma entidade que tem 42 anos de fundação e que apenas em 2019 elegeu uma mulher como vice-presidente.
Este Dia Internacional da Mulher é uma data para profundas reflexões. Em um mundo hoje marcado pela dor da perda e pela dúvida quanto ao futuro, temos que encontrar tempo para debater qual o papel que o Sindsefaz e seus associados podem jogar para construirmos laços humanos mais sólidos e espaços menos desiguais. Debater e colocar em prática.
Viva o 8 de Março.