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Sindicato do futuro precisa incluir todos os trabalhadores, diz Clemente Lucio

Unidade e amplitude. Essas são as principais características de um sindicato mais preparado para enfrentar os desafios que estão colocados hoje para os trabalhadores, em um mercado de trabalho impactado por novas tecnologias e modelos de contratação com menos direitos. “Isso vale para o setor privado, mas também para o setor público”, declarou o sociólogo Clemente Lúcio, na manhã desta quinta (19), no 3º Congresso Estadual dos Fazendários, no painel “As Transformações do Mundo do Trabalho e o Futuro da Atuação Sindical”.

Clemente defende que o sindicato seja unitário – com todos os segmentos que compõem o ramo da atividade – e amplo, para incluir inclusive os trabalhadores terceirizados, que hoje estão à margem dos demais, com menos direitos e menor remuneração. Ele disse que esse sentimento, de unidade e solidariedade, sempre foi o princípio que norteou nossa atuação, desde o surgimento dos sindicatos.

Para Lúcio, os sindicatos também precisam acumular forças para exigir negociação coletiva de seus direitos e tentar reverter perdas que foram trazidas pela reforma trabalhista, que enfraqueceu a organização dos trabalhadores. Ele informou que, atualmente, as centrais sindicais tentam aprovar no Congresso propostas que estabeleçam novas possibilidade de financiamento sindical, bem como imponha a negociação

Por fim, ele comentou sobre as novas tecnologias, que estão impactando o mercado de trabalho, inclusive no setor público. Ele defendeu que os sindicatos, em vez de somente reagir à chegada das inteligências artificiais no seu setor de atuação, devem brigar para atuar na regulação do uso dessas Ias. “A realidade está aí e não há volta, então, precisamos atuar dentro das condições existentes para minimizar seus efeitos e garantir que os ganhos obtidos sejam revertidos também em benefícios de todos”, disse.

Bahia

Debatedora desse painel, a economista Ana Georgina Dias, do Dieese, lembrou que os sindicatos de servidores da Bahia já enfrentam um cenário de grandes desafios. Ela disse que mesmo governos cujos titulares são mais historicamente ligados aos trabalhadores também aplicaram políticas de esvaziamento da carreira pública, com ampliação de contratações por outros modelos, além de muita terceirização.

Ela falou do grande período de congelamento salarial e da falta de uma mesa de negociação que discuta as pautas dos trabalhadores. Comentou que este é um desafio dos sindicatos do setor público, como o Sindsefaz, de conseguir forçar governos a negociarem as reivindicações e não somente impor sua proposta, como aconteceu em mais de uma oportunidade, nos últimos anos.

Salvador, 19 de setembro de 2024 | Boletim 3029

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